Na Europa do século XIX surgiu uma teoria
que propôs uma nova forma de conhecimento da realidade e de ação efetiva da
classe trabalhadora. Seu principal articulador foi Karl Marx que, em
colaboração com Friedrich Engels lançou as bases do socialismo científico,
através das obras: Manifesto
Comunista (1848), Contribuição à Critica da Economia
Política (1859) e O Capital (1867).
Fazendo uma analise da realidade social em
que viviam, Marx e Engels perceberam que ela era dinâmica e contraditória. Enquanto
o avanço técnico permitia o domínio crescente sobre a natureza, gerando o
progresso e o enriquecimento de alguns homens, a classe operária era cada vez
mais explorada, empobrecida e afastada dos bens materiais de que necessitava
para viver. Portanto, era fundamental estudar os fatores materiais (econômicos
e técnicos) e a forma como os bens eram produzidos, para poder compreender a sociedade
e explicar sua evolução.
Pelo trabalho, o homem transforma
natureza, produzindo bens para atender a suas necessidades. Nesse processo de
produção de bens, as pessoas estabelecem relações entre si. As relações
estabelecidas entre os proprietários dos meios
de produção (terra, matérias-primas, máquinas e instrumentos de trabalho) e
os trabalhadores são chamadas relações sociais de produção.
De acordo com o pensamento de Marx e Engels, portanto, é preciso
analisar o conjunto das forças produtivas
(terra, matérias-primas, máquinas, mão de obra, técnicas de produção e
instrumentos de trabalho) para entender as relações que os homens estabelecem
entre si durante o processo de produção de bens.
Para Marx a base econômica da sociedade (a infraestrutura) determina a superestrutura,
que corresponde à organização jurídico-política (Estado, Direito, etc) e à
ideologia (formas de consciência social como a filosofia, a religião, a moral,
as ideias científicas e artísticas). A este conjunto formado por infraestrutura
e superestrutura, através do qual se pode conhecer como as forças produtivas se
organizam em determinadas relações de produção, num dado momento histórico,
Marx chama de modo de produção. O modo
de produção , portanto, constitui um todo interiormente equilibrado, no qual as
relações de produção correspondem necessariamente às formas produtivas.
No modo de produção capitalista, duas classes sociais básicas se
opõem: os proprietários dos meios de produção (burguesia) e os que possuem apenas sua força de trabalho (proletariado). A luta entre essas
classes vem se verificando desde o momento em que a burguesia, como classe
dominante, forjou e impôs seus instrumentos de dominação: o Estado burguês, o
Direito burguês e a ideologia burguesa, em todas as suas formas.
Os capitalistas – minoria proprietária dos meios de produção –
exploram a maioria operária, obrigada a vender sua força de trabalho em troca
de um salário. Todavia, este salário é muito inferior ao valor produzido
diariamente pelo trabalho operário. Essa diferença a mais, apropriada pelos
patrões, chamada por Marx de mais-valia,
constitui a base essencial da acumulação do capital.
Portanto, os interesse das duas classes sociais básicas, dentro do
modo de produção capitalista são irreconciliáveis, gerando a luta de classes. Para reverter esse
processo, a classe trabalhadora, subjulgada e explorada, deveria atacar a
burguesia naquilo que constitui a base da sociedade burguesa, isto é, o sistema
de produção capitalista. Para tanto, o proletariado deveria organizar-se em
sindicatos e partidos políticos trabalhistas e revolucionários atingindo assim
a consciência de classe, pois somente
desse modo teria condições de conquistar o poder e destruir o Estado burguês.
Como resultado desse processo global de mudança, o capitalismo
seria substituído pelo socialismo, baseado na propriedade social (e não
privada) dos meios de produção. O socialismo possibilitaria alcançar a fase do comunismo, no qual deixariam de existir
as classe sociais e o próprio Estado.
Esta teoria sobre as leis do desenvolvimento social, organizada
por Marx e Engels, recebeu o nome de materialismo
histórico e lançou as bases de uma análise científica da evolução das
sociedades humanas.
PAZZINATO, Alceu Luiz e SENISE, Maria Helena Valente "História Moderna e Contemporânea" Editora Ática, 1995 São Paulo 9ª Edição, pág 179-180
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